domingo, 18 de maio de 2008


Escravidão

Há 120 anos atrás caia por terra o instituo da escravidão. para ser mais exato, da escravidão negra no Brasil. Muita agitação política antecedeu a lei assinada pela princesa Izabel com uma pena de ouro, o metal que moveu ambições na Europa e pôs a perder muitas vidas humanas durante o período da mineração, não só do ponto de vista concreto, mas também do ponto de vista da dignidade.
A miscigenação generalizada, motivada pelas condições de miséria em que se encontravam negros fugidos, brancos pobres e índios “desterritorializados” , assim como a Guerra do Paraguai, foi um dos principais motes do fim da escravidão no Brasil.
No plano da militância os Quilombos, a fuga de escravos, cujos preços agora eram exorbitantes - dado o fim do tráfico de escravos em 1850 – aliado ao abolicionismo que contava com figuras de peso como Nabuco e Luis Gama, causaram agitação.
No plano político os conservadores queriam manter a escravidão e os ”liberais” achavam que o regime não cumpria seu papel. D. Pedro II teve de mudar seu gabinete várias vezes pressionado pelos dois grupos políticos, que tinham muita influência.
O Golpe de misericórdia foi dado em 5 de maio de 1888, quando o comandante do exército, enviou um bilhete à princesa endeusada por ter assinado a lei. Dizia o bilhete: “O Exército não irá mais andar atrás de negros fugidos, que evitam tanto o eito quanto a desordem.” O Estado perdia a seu braço de força na luta para manter a escravidão.
Não restou à princesa opção, teve de abolir o regime.
Não há nada a comemorar, mesmo 120 anos depois. Talvez por isso o Movimento Negro tenha escolhido o 13 de maio como uma data de reflexão e protesto e não de comemoração. À escravidão se seguiu um racismo que os desavisados ainda negam ou classificam como preconceito de classe.
No plano internacional a China, país onde é comum um tipo exploração que no Brasil é classificado eufemísticamente como “regime de trabalho semelhante à escravidão”, há neste exato momento investimentos de bilhões de dólares para a realização de uma Olimpíada naquele país. Nem se pensar em um movimento mundial como o que foi erigido contra a África do Sul Racista. Mesmo no Brasil o Trabalho escravo é uma realidade recorrente.
Àqueles que, como este que vos escreve se colocam contra o racismo, legado maior da escravidão negra, resta se colocar contra todos os tipos de discriminação, mas ainda vemos na Tv (uma concessão pública, evangélicos demonizarem nossas religiões e seus seguidores, impunemente.
Na Bahia recentemente um Templo dedicado ao culto de Nação Africana foi simplesmente destruído pela prefeitura. O detalhe é que o prefeito da cidade onde estava localizado Templo é evangélico, segundo informes da imprensa. O que devemos comemorar?
Em 1888 a escravidão apenas retrocedeu alguns passos para dar lugar à neo escravidão. Já que a idéia de estado mínimo e a burocracia estatal gera o desemprego, salários aviltantes e condições desumanas de moradia, como a senzala durante os séculos de escravidão.
Neste momento de reflexão estou cada vez mais convencido de que a militância é nossa única saída.
A princesa Izabel assinou uma lei que veio ao encontro de grandes produtores brasileiro já abastecidos pela mão de obra imigrante, que ao chagar aqui também foi tratada como escrava, mas que aos poucos foi se colocando em lugar mais digno. Mas qual o legado da escravidão? A miséria a exclusão e o racismo. Mais do que nunca é hora de exigirmos igualdade de oportunidades.
Somos todos Espírito, somos iguais em espírito, temos de conquistar nossa emancipação social e política. Que ainda parece estar muito distante da Sociedade atual.

Hilário Bispo.