quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Samba e sarau




Cuba Libre


Período Neo-Colonial (1902-1958)

Para que possa compreender o que foi a revolução cubana, seus motivos e seu sucesso, é preciso remontarmos a algumas décadas antes, ao período neo-colonial cubano.


Crise do sistema Neo-Colonial


O governo de Washington, preocupado pelos freqüentes transtornos políticos de sua neocolonia, havia desenhado uma política de verdadeira tutela, chamada diplomacia preventiva, que alcançou seu ponto culminante com a designação do general Enoch Crowder para supervisionar e fiscalizar ao governo de Alfredo Zayas (1921-1925), quarto presidente cubano, cuja administração sería cenário de transcendentais movimentos políticos;
O repúdio generalizado à ingerência norte-americana e a corrupção governamental deram lugar a diversas correntes de expressão das reivindicações nacionalistas e democráticas. O movimento estudantil manifestava um forte radicalismo que, estruturado no propósito de uma reforma universitária, extravasaria rapidamente o marco em que havia surgido para assumir francas projeções revolucionárias sobre a direção de Julio Antonio Mella
O movimento operário, cujas raízes se remontavam às décadas finais do século XIX, havia seguido também um curso ascendente – marcado pela greve dos aprendizes em 1902 e a da moeda em 1907 entre as mais importantes -,que mais tarde chegaram a constituir uma verdadeira investida devido a inflação gerada pela I Guerra Mundial.
O avanço ideológico e organizativo do proletariado, na qual se deixavam sentir os ecos da Revolução de Outubro na Rússia, cristalizaria na constituição de uma central operária nacional em 1925.
Coincidentemente, e como expressão da conjunção das correntes políticas mais radicais do movimento, personificadas em Mella e Carlos Baliño, se constituiria em Havana o primeiro Partido Comunista.
Os mal-estares político e social tinham causas muito profundas. A economia cubana havia crescido muito rapidamente durante as primeiras décadas do século, estimulada pela reciprocidade comercial com os Estados Unidos e a favorável conjuntura criada pela recente guerra mundial. Não obstante esse crescimento era extremamente unilateral, baseado de modo quase exclusivo no açúcar e nas relações mercantis com os Estados Unidos.
Por outro lado, os capitais norte-americanos que haviam afluído à Ilha com ritmo ascendente eram os principais beneficiários do crescimento, tendo em vista que controlavam 70% da produção açucareira além de sua infra-estrutura e os negócios paralelos.
O bem-estar econômico derivado deste processo – do qual dão testemunho as luxuosas casas de El Vedado -, além de muito desigualmente distribuído, revelaria uma extraordinária fragilidade. Ele se pôs em manifesto em 1920, quando uma brusca queda no preço do açúcar provocou um crack bancário que despejou com as instituições financeiras cubanas. Pouco depois, quando a produção açucareira do país alcançava os 5 milhões de toneladas, ficou evidente a saturação dos mercados, claro indício de que a economia cubana não podia continuar crescendo sobre a base exclusiva do açúcar. A opção era o estancamento ou a diversificação produtiva, mas essa última alternativa não era possível, pois não era permitido pela monopolização latifundiária da terra e a dependência comercial dos Estados Unidos.
A ascensão de Geraldo Machado à presidência em 1925 representa a alternativa da oligarquia frente à crise latente.
O novo regime, intenta conciliar em seu programa econômico os interesses dos distintos setores da burguesia e o capital norte-americano, oferece garantias de estabilidade às classes médias e novos empregos às classes populares, todo ele combinado com uma seletiva mas feroz repressão contra adversários políticos e movimentos opositores.
Sob uma auréola de eficiência administrativa, o governo conseguiu impor limites ás lutas dos partidos tradicionais, assegurando-lhes o desfrute do pressuposto estatal mediante a fórmula do cooperativismo. Com o consenso que obteve, Machado dicidiu reformar a constituição para perpetuar-se no poder.
Não obstante os êxitos parciais alcançados durante os primeiros anos de mandato, a ditadura machadista não conseguiu silenciar a dissidência dos políticos excluídos e muito menos conter o movimento popular. Acusados pelos excessos cometidos pelo regime e a rápida deteorização da situação econômica sob os efeitos da crise mundial de 1929 (Grande Depressão), essas forças mostraram crescente beligerância. Com os estudantes e o proletariado como suportes fundamentais, a oposição a Machado desencadeou uma interminável sucessão de greves, intenções insurrecionais, atentados e sabotagens.
A ditadura respondeu com um aumento da repressão, que chegou a níveis intoleráveis. Em 1933, o cambaleante regime de Machado estava a ponto de dar espaço a uma revolução. Alarmada pela situação cubana, a recém-estreada administração de Franklin D. Roosevelt designou B. Summer Welles embaixador em Havana, com a missão de encontrar uma saída para a crise, dentro dos mecanismos tradicionais de dominação neocolonial. Mas a mediação de Welles se viu ultrapassada pelos acontecimentos: Em 12 de agosto, Machado fugia do país, derrotado por uma greve geral.
O governo provisório que criaram os setores direitistas da oposição, sob os auspícios do embaixador norte-americano sobreviveria apenas um mês. Um levantamento das classes e soldados do exército, junto ao Diretório Estudantil Universitário e outros grupos insurrecionais levou ao poder um governo revolucionário presidido por Ramon Grau San Martín.
Este governo, principalmente pela iniciativa de Antonio Guiteras, secretário de Governo, aprovou e pôs em prática diversas medidas de benefício popular, mas, hostilizado pelos Estados Unidos e pela oposição e vítima em grande medida de suas próprias contradições internas, só pode sustentar-se alguns meses no poder. Fator fundamental na queda desse governo sería o ex sargento Fulgencio Batista – promovido obscuramente do dia para a noite, coronel chefe do exército -, quem exerceu sua influência negativa no processo político.
Os partidos oligárquicos restaurados ao poder, a pesar do irrestrito apoio norte-americano expressado na abolição da Emenda Platt, e as medidas de estabilização econômica – principalmente o sistema de cotas açucareiras e um novo tratado de reciprocidade comercial-, mostraram uma franca inaptidão no exercício do governo.
Por esta razão, os destinos do Estado seriam efetivamente regidos por Batista e seus militares. Mas esta forma autoritária se revelou incapaz de oferecer uma saída estável à situação cubana. O que conduziu a uma transação com as forças revolucionárias e democráticas – debilitadas por divisões internas – que seriam plasmadas na Constituição de 1940. Com essa nova Carta Magna, que recolhia importantes reivindicações populares, se abriu um novo período de legalidade institucional.
O primeiro governo desta etapa esteve presidido por Fulgencio Batista, cuja candidatura havia sido respaldada por uma coalizão de forças que participavam os comunistas. Esta aliança, todavia reprimiu importantes conquistas ao movimento operário, não foi compreendida por outros setores populares, e se converteu em fator histórico de divisão entre as forças revolucionárias.
Durante o governo de Batista, a situação econômica experimentou uma melhoria propiciada pela estourada da II Guerra Mundial, conjuntura que beneficiaría ainda mais seu sucessor, Ramón Grau San Martín que foi eleito em 1944 graças ao amplo respaldo popular que lhe adiquiriam as medidas nacionalistas e democráticas ditadas durante o governo anterior. Nem Grau, nem Carlos Prío Socarrás (1948-1952) – ambos líderes do Partido Revolucionário Cubano (autêntico) – foram capazes de aproveitar as favoráveis condições econômicas de seus respectivos mandatos.
As tímidas e escassas medidas reformistas apenas afetaram as estruturas de propriedade agrária e de dependência comercial que bloqueavam o desenvolvimento do país.Aproveitaram-se, em troca, da bonanza econômica que reportava a recuperação açucareira para saquear os fundos públicos em magnitudes sem precedentes.
A corrupção administrativa se complementava com o auspicio de numerosas quadrilhas gângsteres, que os autênticos utilizaram para expulsar os comunistas da direção dos sindicatos em meio a propícia atmosfera da guerra fria. O repúdio à vergonhosa situação imperante foi canalizado pelo movimento cívico político da ortodoxia, cujo carismático líder, Eduardo Chibás, se suicidaria em 1951 em meio de uma fervente polêmica com personagens governamentais.
Todavia, todos prognosticavam o triunfo ortodoxo nas eleições de 1952, as esperanças foram frustradas por um golpe militar.
O descrédito em que a experiência autêntica havia sumido nas fórmulas reformistas e as instituições republicanas, assim como a favorável disposição fazia um governo de “mão dura” por parte dos interesses norte-americanos e alguns setores da burguesia mestiça, favoreceram as ambições de Fulgencio Batista, quem assomado a uma frente militar, roubou o poder em 10 de março de 1952.


Movimento revolucionário 1953-1958


A inércia e incapacidade dos partidos políticos burgueses para enfrentar o regime batistista – ao qual aderiram alguns destes partidos – contrastou com a beligerância dos setores populares, em especial da jovem geração que recém nascia para a vida política.


Nasce um movimento


De suas fileiras nasceu um movimento de novo tipo, encabeçado por Fidel Alejandro Castro Ruz(Birán, 1926), um jovem advogado, formado pela faculdade de Havana, cujas primeiras atividades políticas haviam se desenvolvido no meio universitário e às filas da ortodoxia.
Preconizando uma nova estratégia de luta armada contra a ditadura, Fidel Castro se pôs à silenciosa e tenaz preparação dessa batalha.


Ataques à Moncada


As ações se desencadeariam em 26 de julho de 1953, com os ataques simultâneos aos quartéis de Moncada, em Santiago de Cuba e Carlos Manuel de Céspedes, em Bayamo, concebidos como estopim de uma vasta insurreição popular. Ao fracassar a operação, dezenas de combatentes que foram feitos prisioneiros terminaram assassinados. Outros sobreviventes, entre os quais se encontrava o comandante Fidel Castro, foram julgados e condenados a severas penas de prisão.


"Lá História me absolverá"


No julgamento que se seguiu, o líder revolucionário pronunciou uma alegação de auto-defesa – conhecido como “La História me absolverá” -, no qual fundamentava o direito do povo à rebelião contra a tirania e explicava as causas, vias e objetivos da luta empreendida. Essa alegação se converteu no programa da revolução.


Cuba durante a ditadura de Fulgencio Batista


Entretanto, a ditadura enfrentava crítica conjuntura criada pela queda dos preços do açúcar com a fórmula (escrita em entrelinhas) de restrição produtiva. Para combater seus efeitos depressivos, o governo inicia uma mobilização compulsiva de recursos financeiros que, em proporção apreciável, terminariam nos bolsos dos personagens do regime. Não obstante o fomento de novos renglones produtivos nas décadas precedentes, a economia cubana, ungida ao açúcar, não alcançava um crescimento satisfatório. Evidência máxima disto era a massa de desempregados e sub-empregados que já, a meados da década de 50, chegaria a constituir a terça parte da força trabalhista do país. Na miséria vivia a maioria dos trabalhadores rurais cubanos durante a república neocolonial, vitimas das expulsões, a falta de trabalho e a enorme exportação por latifundiários e colonos estrangeiros e da platéia com o respaldo dos governos burgueses dependentes.



Eleições ilegítimas de 1954


O desejo da tirania por legalizar seu status mediante ilegítimas eleições em 1954, serviria ao menos para aplacar sua vontade repressiva. A circunstancia foi aproveitada pelo movimento de massas que em 1955 ascendeu de maneira significativa e logrou a anistia dos presos políticos – entre eles, os combatentes de Moncada – e representaram greves operárias de grande importância, sobre tudo no setor açucareiro.


Nasce o Movimento Revolucionário 26 de Julho


No mesmo ano, foi fundado o Movimento Revolucionário 26 de Julho, constituído por Fidel Castro e seus companheiros, e um ano mais tarde se cria o Diretório Revolucionário, que agrupa os elementos mais combativos dos estudantes universitários.


Conspiração no exército


A desacertada política de ascensões, o estímulo a exaltar o nepotismo, o favoritismo, a bajulação e a falta de preparação técnica e profissional de alguns dos principais chefes e oficiais do exército, constituíram elementos que influíram na decisão de um grupo de oficiais com preparação acadêmica conspirar por melhorar a profissionalidade da instituição. Esses oficiais chamados “Puros” podiam ser localizados principalmente no Acampamento Militar de Columbia, a Fortaleza da Cabana e nas escolas militares. Entre eles se destacavam: José Ramón Fernández, José Orihuela, Enrique Borbonet, Ramón Barquín, Manuel Varela Castro, entre outros. Uma denúncia provocou a detenção de todos os conspirados e o aborto do plano revoltoso.


Ataque ao quartel de Domingo Goicuría


Outro feito que preocupou ao regime batistiano foi o ataque ao quartel “Domingo Goicuría” em 29 de abril de 1956. Uns 50 homens por volta das 12:00 atacaram e tentaram ocupar o quartel “Goicuría”. A imensa maioria dos combatentes eram militantes da organização autêntica (AO) e estavam sob comando de Reinold García.


A ação resultou em fracasso porque eram esperados, a prova esta no saldo da ação: 17 combatentes mortos sem nenhum ferido, enquanto o exército não teve baixas. O ataque a esse quartel, sede do Regimento nº 4 da Guarda Rural, em Matanzas, constituiu um elemento que estimulou os órgãos de inteligência e repressão atuar com mais energia e, em particular, a desarticular, neutralizar e não subestimar aos grupos conspiradores pertencentes aos autênticos.



Expedição libertadora


Após demonstrar a impossibilidade de toda a luta legal contra a tirania, Fidel Castro marcha até o México com o propósito de organizar uma expedição libertadora e iniciar a guerra revolucionária. Por sua vez, os partidos burgueses da oposição, ensaiam uma nova manobra conciliadora com Batista em busca de uma saída “política” para a situação. O fracasso terminaria por afundá-los no desprestígio.


Desembarque do navio Granma


A 2 de dezembro de 1956, Fidel Castro desembarca a frente da expedição do yate Granma, nas Coloradas, província do Oriente.


Dois dias antes, os combatentes clandestinos do Movimento 26 de Julho, a mando de Frank País, haviam levado a cabo em Santiago de Cuba um levantamento contra o desembarque.
Ao não coincidirem ambas as ações, o levantamento terminava em um fracasso. Após o revéz do lugar chamado Alegria de Pio, que dispersava o contingente expedicionário, Fidel Castro e um punhado de combatentes conseguiram conquistar o território da Sierra Maestra para constituir o núcleo inicial do Exército Rebelde.


Sua carta de apresentação seria, um mês depois, a tomada do pequeno quartel de La Plata, ação que serviria para desmentir as versões propagadas pela ditadura acerca do total extermínio dos expedicionários.


Granma é hoje o nome do maior diário impresso em circulação em Cuba vinculado ao orgão oficial de imprensa do comitê central do Partido Comunista de Cuba


A concentração revolucionária e a revolta popular


Em 1957, enquanto o Exército Rebelde se concentrava nas montanhas com uma série de ações – entre as mais importantes se encontra o combate de El Uvero -, nas cidades se desenvolvia com grande ímpeto a luta clandestina. Em 13 de março desse mesmo ano, um destacamento do Diretório Revolucionário realiza um ataque ao palácio presidencial em Havana, com o propósito de executar o tirano, mas fracassam.


Nesta ação cairia o valente combatente José Antonio Echeverría, presidente da Federação

Estudantil Universitária.


Aos atentados e atos de sabotagem, a tirania responderia com um incremento das torturas aos detentos e uma investida de crimes.


No mês de julho, o assassinato de Frank País provocaria uma greve espontânea que paralisou grande parte da nação cubana.
Pouco depois, em setembro, a revolta do posto naval da cidade de Cienfuegos poria em evidência as profundas fendas nas forças armadas do batistato.
Ao final do ano, o exército fracassa em sua ofensiva contra Sierra Maestra, onde já haviam se consolidado duas colunas guerrilheiras.
No início de 1958, o movimento revolucionário decide acelerar a queda do tirano mediante uma greve geral com características de insurreição.


A ofensiva contra Sierra Maestra


Em Sierra Maestra, Fidel Castro cria duas novas colunas a mando dos comandantes Raúl Castro – seu irmão – e Juan Almeida, respectivamente, os quais devem abrir duas frentes guerrilheiras em outras zonas montanhosas do Oriente. A greve convocada em 9 de abril se frustra com graves perdas para as forças revolucionárias. Batista crê ter chegado o momento de liquidar a insurreição e no verão, lança uma ofensiva de 10.000 homens sobre Sierra Maestra.


A vitória revolucionária nas montanhas

Exército Rebelde e o povo: Unidade e Ação


Em ferozes combates e batalhas – Santo Domingo, El Jigüe, Vegas de Jibacoa, e outras – as tropas rebeldes derrotam os batalhões da tirania que tentam penetrar na Sierra Maestra e os obriga a se retirar.


Esse e o tom definitivo. Os partidos da oposição burguesa, que até então tem manobrado para capitalizar a rebeldia popular, se apressam em reconhecer a indiscutível liderança de Fidel Castro.


Colunas rebeldes partem de diversos pontos do território cubano, entre elas as colunas dos honrosos comandantes Ernesto Che Guevara e Camilo Cienfuegos, as quais avançam a província de Lãs Villas.
Nesta zona já operam diversos grupos de combatentes, entre outros os do Diretório Revolucionário e o Partido Socialista Popular (Comunista). Em 20 de novembro, o Comandante em Chefe das tropas rebeldes, Fidel Castro, dirige pessoalmente a batalha de Guisa, que marca o começo da definitiva ofensiva revolucionária.
Em ações coordenadas, as já numerosas colunas de II e III frentes orientais vão tomando os povoados adjacentes para fechar o cerco sobre Santiago de Cuba. Che Guevara, em Lãs Villas, conquista um, após outro os povoados ao longo da estrada central e ataca a cidade de Santa Clara, capital provincial, enquanto que, por sua vez, Camilo Cienfuegos rende em tenaz combate o quartel da cidade de Yaguajay.


Em 1º de janeiro de 1959, Batista abandona o país.


Em uma manobra de última hora, abençoada pela embaixada norte-americana, o general Eulogio Cantillo tenta criar uma junta cívico-militar. Fidel Castro pede à guarnição de Santiago de Cuba que se renda e ao povo que façam uma greve geral que, apoiada massivamente por todo o país, asseguraria a vitória da Revolução.


Cuba após vitória da Revolução

O programa do Moncada começava a cumprir-se: Os camponeses são donos de suas terras
Apenas instalado no poder, o governo revolucionário iniciou o desmantelamento do sistema político neocolonial. Dissolveram os corpos repressivos e garantiram aos cidadãos, pela primeira vez em muitos anos, o exercício pleno de seus direitos.
A administração pública foi saneada e se confiscaram os bens malversados. Desta maneira se erradicou essa tão funesta prática da vida republicana.
Os criminosos de guerra batistianos foram julgados e sancionados, se varreu a corrompida direção do movimento operário e se dissolveram os partidos políticos que haviam servido à tirania.
A designação do Comandante em Chefe Fidel Castro como primeiro-ministro no mês de fevereiro, imprimiria um ritmo acelerado às medidas de benefício popular.
Aprovou-se uma diminuição geral de aluguéis; As praias, antes privadas puseram-se a disposição do povo para seu desfrute e intervieram as companhias que monopolizavam os serviços públicos.
Um marco transcendental neste processo seria a Lei de Reforma Agrária, aprovada em 17 de maio, a qual eliminava o latifúndio ao nacionalizar todas as propriedades de mais de 420 hectares de extensão, e entregava a propriedade da terra a dezenas de milhares de camponeses, arrendatários e precaristas.


Estados Unidos contra a revolução


Esta medida, que eliminava um dos suportes fundamentais do domínio neocolonial, promoveu a colérica resposta dos interesses afetados.
O governo dos Estados Unidos não havia ocultado seu desgosto pelo triunfo da Revolução e, depois de promover uma mal intencionada campanha de imprensa, a qual se propôs a divulgar informações falsas sobre os acontecimentos de Cuba pelo redor do planeta, adotou uma política de perseguição sistemática contra Cuba, alentando e apoiando - inclusive financeiramente - a movimentos contra-revolucionários com o propósito único de desestabilizar o país.
Os obstáculos interpostos pelo presidente Manuel Urrutia às transformações revolucionárias provocaram em julho a renúncia de Fidel Castro ao cargo de primeiro-ministro ao qual retornaria dias depois em meio de manifestações da multidão em apoio as quais formam a causa da renúncia do presidente e de sua sucessão por Osvaldo Dorticós.
Em outubro aborta um levante militar em Camagüey orquestrado pelo chefe deste posto, o comandante Hebert Matos, em aberta associação de pessoas com fins questionáveis com latifundiários e outros elementos contra-revolucionários locais.
Entretanto, os crescentes atos de sabotagem e o terrorismo começaram a cobrar vítimas inocentes.
Para enfrentar a investida contra-revolucionária, se criaram as Milícias Nacionais Revolucionárias e os Comitês de Defesa da Revolução, organizações que, junto à Federação de Mulheres Cubanas, a Associação de Jovens Rebeldes e outras constituídas com posterioridade, possibilitaram uma participação mais ampla do povo na defesa da Revolução.
A permanente hostilidade norte-americana se materializa em sucessivas medidas encaminhadas a desestabilizar a economia cubana e isolar o país do resto da comunidade internacional.
A ela a Revolução responde com uma dinâmica política exterior que amplia as relações e estabelece convênios com outros países – incluindo os socialistas – em uma prova de sua firme decisão de romper a tradicional dependência comercial.
Em julho de 1960, após tomar conhecimento da supressão da cota açucareira cubana pelo governo de Washington, Fidel Castro anuncia a nacionalização de todas as propriedades norte-americanas na Ilha.
A esta medida, seguiria, poucos meses depois, a decisão de nacionalizar as empresas da burguesia cubana que, definitivamente alinhada junto aos Estados Unidos e os setores oligárquicos, haviam se entregado à sistemáticas manobras de descapitalização e sabotagem econômica.


Retaliações norte-americanas a Cuba


Mas as retaliações norte-americanas não se limitaram ao âmbito da economia, mas também tinham dimensões belicosas.
Enquanto fomentava a criação de organizações e grupos contra-revolucionários em distintas regiões do país, às quais provia armamento e outros abastecimentos, a administração Eisenhower – que rompe relações com Cuba em janeiro de 1961 – havia iniciado a preparação de uma brigada mercenária com o propósito de invadir a ilha.
A invasão se iniciaria em 17 de abril pela área de Playa Girón, após um bombardeio surpresa às bases aéreas cubanas.
A invasão fracassou com a falta de apoio da marinha dos EUA a força de desembarque a ilha.
No sepultamento das vítimas deste ataque, Fidel Castro proclamou o caráter socialista da Revolução, algo que se percebia já a partir das medidas tomadas nos meses finais de 1960.
Derrota norte-americana em Girón

Girón, a primeira grande derrota do imperialismo norte-americano


Bastaram menos de 72 horas para que o povo esmagasse à brigada mercenária que a Agencia Central de Inteligência (CIA) havia levado meses para treinar. Devido a esta histórica derrota, Estados Unidos não conseguiram esmagar a Revolução Cubana.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Franz Kafka



Franz Kafka nasceu em Praga no dia 3 de julho de 1883; vítima de tuberculose, morreu em 3 de junho de 1924, no Sanatório de Keerling, perto de Viena; foi enterrado em Praga, no Cemitério de Straschinitz. Nessa época Kafka era conhecido apenas por um círculo de amigos; sua obra somente seria conhecida 20 anos após sua morte, quando seu talento criativo foi reconhecido por nomes importantes, dentre eles o poeta inglês W.H. Auden, que assim manifestou sua admiração pelo escritor tcheco: “se eu tivesse que escolher o autor que tem para com nossa época aproximadamente a mesma relação que Dante e Schakespeare para com a sua, Kafka é o primeiro nome em que eu pensaria”.


Outros nomes importantes ligados à literatura também deram seu depoimento sobre Kafka, como ocorreu com o renomado ensaísta George Steiner; para ele, “Nenhuma outra voz testemunhou de maneira mais fiel à natureza de nossa época”. O escritor francês Paul Claudel, que não ficou distante da comparação feita por Auden, afirmou que, “Ao lado de Racine, que para mim é o melhor de todos os escritores, há um: Franz Kafka”.Parte da obra de Kafka foi traduzida do idioma alemão, no qual se expressava, para o espanhol; o célebre escritor argentino Jorge Luis Borges traduziu O processo, que foi publicado pela Editora Losada, de Buenos Aires, em 1939; uma nova edição dessa obra deu-se somente no ano de 1962. Antes dessa edição, a Editora Losada publicou A metamorforse, em 1943.


Jorge Luis Borges, admirador de Kafka, disse que “Duas idéias, ou melhor, duas obsessões regem a obra de Franz Kafka: a subordinação é a primeira, e o infinito a segunda. A mais indiscutível virtude de Kafka é a invenção de situações intoleráveis. Para registrá-las de maneira definitiva bastavam-lhe algumas frases (...) O argumento e o ambiente são o essencial, não as evoluções da fábula nem a penetração psicológica. Daí a primazia de seus contos sobre as novelas longas”.No decorrer dos anos a obra de Kafka foi traduzida para muitas línguas, tendo uma sólida aceitação; no ano de 1961, Harry Järv levantou em torno de 5 mil títulos compondo a bibliografia de Kafka.


A divulgação da obra de Kafka, no entanto, foi cheia de obstáculos nos 20 anos que transcorreram após sua morte; Max Brod, amigo e seu testamenteiro, lutou incansavelmente para divulgar a obra de Kafka, contrariando o pedido do escritor para que destruísse todos os seus livros, que ainda não haviam sido publicados. Não saberia dizer qual o número de títulos bibliográficos existentes até o ano de 2007, mas, não tenho dúvida, é bem maior que o relacionado por Järv.


A obra de Kafka começou a ser conhecida na França em 1928, quando eram publicados em revistas apenas pequenos trechos de seus livros; em 1933 a ed. Gallimard publicou O processo; a partir daí nomes importantes como Aldous Huxley, André Gide, Hermam Hesse, Thomas Mann, Virginia Wolf, Albert Camus, além de outros escritores e ensaístas, passaram a dar atenção à genialidade de Kafka, e a contribuir para a divulgação de sua obra.A escritora Tânia Franco Carvalhal faz referência a esse reconhecimento, dizendo que “Esta informação de Brod ratifica a popularidade de Kafka entre homens de letras que, sob a égide de Poust, de Joyce e do escritor tcheco, representam etapas significativas na evolução do romance contemporâneo. Muitos críticos vão situar Kafka nas origens de toda a literatura contemporânea e Claude Mauriac preferirá considerá-lo como a fonte de toda a literatura contemporânea”.


Albert Camus, conhecedor da obra de Kafka, socorreu-se dele para explicar o tema do absurdo contido na sua obra Le Mythe de Sisiphe, em 1939. Camus analisando a obra de Kafka disse que o segredo do escritor tcheco encontra-se na contradição que se vê no trecho de O processo, em que a sua personagem Joseph K. é alguém que não se surpreende e não se deixa surpreender nos perpétuos balanços entre o natural e o extraordinário, entre o indivíduo e o universal, entre o trágico e o cotidiano, entre o absurdo e o lógico.As obras-primas de Kafka, O Processo (1925), e O Castelo (1926) foram publicadas postumamente graças aos esforços empreendidos por Max Brod. No período precedente foram publicados: Descrição de uma luta (1905), Diários (início em 1910), O veredicto (1912), A metamorfose (1912), Contemplação (1912), Narração do espólio (1914-24), Na colônia penal (1914), Amérika ou O desaparecido (1914), Um médico rural (1918), A grande muralha da China (1918), Carta ao pai (1919); Um artista da fome ( 1922-24), O foguista (1923), A construção (1923 ), e alguns contos e novelas escritos nos anos 20: Poseidon, De noite, Do problema da lei, Investigação de um cão (1922), Uma mulherzinha (1923).Com o passar dos anos, Franz Kafka torna-se mais conhecido do público leitor, graças ao reconhecimento de sua genialidade por escritores, ensaístas e críticos de renome, fato esse que encoraja freqüentes reedições de seus livros, como é o caso de Desaparecido ou Amerika, publicado pela Editora 34, em 2004, com a tradução e posfácio de Suzana Kampff Lages.Enfatiza, Suzana Kampff Lages, no seu posfácio, que “O desaparecido ou Amerika, como ficou conhecida esta obra de Franz Kafka, conforme o título dado pelo amigo e editor póstumo, Max Brod, é um romance inacabado, ou melhor, um fragmento de romance.


Concebido na primavera de 1912, é composto por fragmentos de uma história que se queria – nas palavras do próprio Kafka – dickenseana, ou seja, inspirada num exemplar do tradicional modelo do romance realista, por um lado, e por outro, uma história projetada para o infinito”.Aproveito o ensejo para render homenagens a outro importante tradutor de Franz Kafka, do alemão para o português: Modesto Carone, escritor, ensaísta, e professor de literatura, tendo lecionado nas universidades de Viena, São Paulo e Campinas.


Traduziu: Um artista da fome, A construção, A metamorfose, O veredicto, Na colônia penal, Carta ao meu pai, O processo (Prêmio Jabuti de Tradução de 1989), Um médico rural, Contemplação, O foguista, O Castelo, Narrativas do espólio.


REFERÊNCIAS:


CARVALHAL, Tânea Franco. A Realidade em Kafka. Porto Alegre: ed. Movimento, 1973.
KAFKA, Franz. O Diário Íntimo de Kafka. Nova Época Editorial, [198-?].
IZQUIERDO, Luis. Conhecer Kafka e a sua obra. Tradução de Manuel Mota. São Paulo: ed.Ulisseia, [198-?].
KAFKA, Franz. Descrição de uma luta. Rio de Janeiro: ed. Nova Fronteira, 1985.
KAFKA, Franz. O desaparecido ou Amérika. Tradução e posfácio de Suzana Kampff Lages. São Paulo: Editora 34, 2004, p. 276-274.
KAFKA, Franz. Narrativa do espólio. Trad. de Modesto Carone. São Paulo:Companhia Das Letras,2002, p. 224.

Livros, galera!!!


Livros!! LIVROS!!!

A Divina Comédia -Dante Alighieri
A Comédia dos Erros -William Shakespeare
Poemas de Fernando Pessoa -Fernando Pessoa
Dom Casmurro -Machado de Assis
Cancioneiro -Fernando Pessoa
Romeu e Julieta -William Shakespeare
A Cartomante -Machado de Assis
Mensagem -Fernando Pessoa
A Carteira -Machado de Assis
A Megera Domada -William Shakespeare
A Tragédia de Hamlet, Príncipe da Dinamarca -William Shakespeare
Sonho de Uma Noite de Verão -William Shakespeare
O Eu profundo e os outros Eus. -Fernando Pessoa
Dom Casmurro -Machado de Assis
Do Livro do Desassossego -Fernando Pessoa
Poesias Inéditas -Fernando Pessoa
Tudo Bem Quando Termina Bem -William Shakespeare
A Carta -Pero Vaz de Caminha
A Igreja do Diabo -Machado de Assis
Macbeth -William Shakespeare
Este mundo da injustiça globalizada -José Saramago
A Tempestade -William Shakespeare
O pastor amoroso -Fernando Pessoa
A Cidade e as Serras -José Maria Eça de Queirós
Livro do Desassossego -Fernando Pessoa
A Carta de Pero Vaz de Caminha -Pero Vaz de Caminha
O Guardador de Rebanhos -Fernando Pessoa
O Mercador de Veneza -William Shakespeare
A Esfinge sem Segredo -Oscar Wilde
Trabalhos de Amor Perdidos -William Shakespeare
Memórias Póstumas de Brás Cubas -Machado de Assis
A Mão e a Luva -Machado de Assis
Arte Poética -Aristóteles
Conto de Inverno -William Shakespeare
Otelo, O Mouro de Veneza -William Shakespeare
Antônio e Cleópatra -William Shakespeare
Os Lusíadas -Luís Vaz de Camões
A Metamorfose -Franz Kafka
A Cartomante -Machado de Assis
Rei Lear -William Shakespeare
A Causa Secreta -Machado de Assis
Poemas Traduzidos -Fernando Pessoa
Muito Barulho Por Nada -William Shakespeare
Júlio César -William Shakespeare
Auto da Barca do Inferno -Gil Vicente
Poemas de Álvaro de Campos -Fernando Pessoa
Cancioneiro -Fernando Pessoa
Catálogo de Autores Brasileiros com a Obra em Domínio Público -Fundação Biblioteca Nacional
A Ela -Machado de Assis
O Banqueiro Anarquista -Fernando Pessoa
Dom Casmurro -Machado de Assis
A Dama das Camélias -Alexandre Dumas Filho
Poemas de Álvaro de Campos -Fernando Pessoa
Adão e Eva -Machado de Assis
A Moreninha -Joaquim Manuel de Macedo
A Chinela Turca -Machado de Assis
As Alegres Senhoras de Windsor -William Shakespeare
Poemas Selecionados -Florbela Espanca
As Vítimas-Algozes -Joaquim Manuel de Macedo
Iracema -José de Alencar
A Mão e a Luva -Machado de Assis
Ricardo III -William Shakespeare
O Alienista -Machado de Assis
Poemas Inconjuntos -Fernando Pessoa
A Volta ao Mundo em 80 Dias -Júlio Verne
A Carteira -Machado de Assis
Primeiro Fausto -Fernando Pessoa
Senhora -José de Alencar
A Escrava Isaura -Bernardo Guimarães
Memórias Póstumas de Brás Cubas -Machado de Assis
A Mensageira das Violetas -Florbela Espanca
Sonetos -Luís Vaz de Camões
Eu e Outras Poesias -Augusto dos Anjos
Fausto -Johann Wolfgang von Goethe
Iracema -José de Alencar
Poemas de Ricardo Reis -Fernando Pessoa
Os Maias -José Maria Eça de Queirós
O Guarani -José de Alencar
A Mulher de Preto -Machado de Assis
A Desobediência Civil -Henry David Thoreau
A Alma Encantadora das Ruas -João do Rio
A Pianista -Machado de Assis
Poemas em Inglês -Fernando Pessoa
A Igreja do Diabo -Machado de Assis
A Herança -Machado de Assis
A chave -Machado de Assis
Eu -Augusto dos Anjos
As Primaveras -Casimiro de Abreu
A Desejada das Gentes -Machado de Assis
Poemas de Ricardo Reis -Fernando Pessoa
Quincas Borba -Machado de Assis
A Segunda Vida -Machado de Assis
Os Sertões -Euclides da Cunha
Poemas de Álvaro de Campos -Fernando Pessoa
O Alienista -Machado de Assis
Don Quixote. Vol. 1 -Miguel de Cervantes Saavedra
Medida Por Medida -William Shakespeare
Os Dois Cavalheiros de Verona -William Shakespeare
A Alma do Lázaro -José de Alencar
A Vida Eterna -Machado de Assis
A Causa Secreta -Machado de Assis
14 de Julho na Roça -Raul Pompéia
Divina Comedia -Dante Alighieri
O Crime do Padre Amaro -José Maria Eça de Queirós
Coriolano -William Shakespeare
Astúcias de Marido -Machado de Assis
Senhora -José de Alencar
Auto da Barca do Inferno -Gil Vicente
Noite na Taverna -Manuel Antônio Álvares de Azevedo
Memórias Póstumas de Brás Cubas -Machado de Assis
A 'Não-me-toques'! -Artur Azevedo
Os Maias -José Maria Eça de Queirós
Obras Seletas -Rui Barbosa
A Mão e a Luva -Machado de Assis
Amor de Perdição -Camilo Castelo Branco
Aurora sem Dia -Machado de Assis
Édipo-Rei -Sófocles
O Abolicionismo -Joaquim Nabuco
Pai Contra Mãe -Machado de Assis
O Cortiço -Aluísio de Azevedo
Tito Andrônico -William Shakespeare
Adão e Eva -Machado de Assis
Os Sertões -Euclides da Cunha
Esaú e Jacó -Machado de Assis
Don Quixote -Miguel de Cervantes
Camões -Joaquim Nabuco
Antes que Cases -Machado de Assis
A melhor das noivas -Machado de Assis
Livro de Mágoas -Florbela Espanca
O Cortiço -Aluísio de Azevedo
A Relíquia -José Maria Eça de Queirós
Helena -Machado de Assis
Contos -José Maria Eça de Queirós
A Sereníssima República -Machado de Assis
Iliada -Homero
Amor de Perdição -Camilo Castelo Branco
A Brasileira de Prazins -Camilo Castelo Branco
Os Lusíadas -Luís Vaz de Camões
Sonetos e Outros Poemas -Manuel Maria de Barbosa du Bocage
Ficções do interlúdio: para além do outro oceano de Coelho Pacheco. -Fernando Pessoa
Anedota Pecuniária -Machado de Assis
A Carne -Júlio Ribeiro
O Primo Basílio -José Maria Eça de Queirós
Don Quijote -Miguel de Cervantes
A Volta ao Mundo em Oitenta Dias -Júlio Verne
A Semana -Machado de Assis
A viúva Sobral -Machado de Assis
A Princesa de Babilônia -Voltaire
O Navio Negreiro -Antônio Frederico de Castro Alves
Catálogo de Publicações da Biblioteca Nacional -Fundação Biblioteca Nacional
Papéis Avulsos -Machado de Assis
Eterna Mágoa -Augusto dos Anjos
Cartas D'Amor -José Maria Eça de Queirós
O Crime do Padre Amaro -José Maria Eça de Queirós
Anedota do Cabriolet -Machado de Assis
Canção do Exílio -Antônio Gonçalves Dias
A Desejada das Gentes -Machado de Assis
A Dama das Camélias -Alexandre Dumas Filho
Don Quixote. Vol. 2 -Miguel de Cervantes Saavedra
Almas Agradecidas -Machado de Assis
Cartas D'Amor - O Efêmero Feminino -José Maria Eça de Queirós
Contos Fluminenses -Machado de Assis
Odisséia -Homero
Quincas Borba -Machado de Assis
A Mulher de Preto -Machado de Assis
Balas de Estalo -Machado de Assis
A Senhora do Galvão -Machado de Assis
O Primo Basílio -José Maria Eça de Queirós
A Inglezinha Barcelos -Machado de Assis
Capítulos de História Colonial (1500-1800) -João Capistrano de Abreu
CHARNECA EM FLOR -Florbela Espanca
Cinco Minutos -José de Alencar
Memórias de um Sargento de Milícias -Manuel Antônio de Almeida
Lucíola -José de Alencar
A Parasita Azul -Machado de Assis
A Viuvinha -José de Alencar
Utopia -Thomas Morus
Missa do Galo -Machado de Assis
Espumas Flutuantes -Antônio Frederico de Castro Alves
História da Literatura Brasileira: Fatores da Literatura Brasileira -Sílvio Romero
Hamlet -William Shakespeare
A Ama-Seca -Artur Azevedo
O Espelho -Machado de Assis
Helena -Machado de Assis
As Academias de Sião -Machado de Assis
A Carne -Júlio Ribeiro
A Ilustre Casa de Ramires -José Maria Eça de Queirós
Como e Por Que Sou Romancista -José de Alencar
Antes da Missa -Machado de Assis
A Alma Encantadora das Ruas -João do Rio
A Carta -Pero Vaz de Caminha
LIVRO DE SÓROR SAUDADE -Florbela Espanca
A mulher Pálida -Machado de Assis
Americanas -Machado de Assis
Cândido -Voltaire
Viagens de Gulliver -Jonathan Swift
El Arte de la Guerra -Sun Tzu
Conto de Escola -Machado de Assis
Redondilhas -Luís Vaz de Camões
Iluminuras -Arthur Rimbaud
Schopenhauer -Thomas Mann
Carolina -Casimiro de Abreu
A esfinge sem segredo -Oscar Wilde
Carta de Pero Vaz de Caminha. -Pero Vaz de Caminha
Memorial de Aires -Machado de Assis
Triste Fim de Policarpo Quaresma -Afonso Henriques de Lima Barreto
A última receita -Machado de Assis
7 Canções -Salomão Rovedo
Antologia -Antero de Quental
O Alienista -Machado de Assis
Outras Poesias -Augusto dos Anjos
Alma Inquieta -Olavo Bilac

domingo, 10 de fevereiro de 2008

História de Cabo Verde



Iniciamos aqui uma série de postagens sobre os povos Africanos. Começamos com Cabo Verde:

História

Cabo Verde foi descoberto pelos portugueses no ano de 1460. Há quem diga que povos Árabes já haviam estado nas ilhas a procura de sal que, na época, era considerada uma especiaria, mas não existem documentos que comprovem que foram os primeiros a chegarem às ilhas. A primeira ilha descoberta foi a ilha de Boa Vista, nome dado pelos portugueses em conseqüência do longo tempo que permaneceram no mar, sem nenhuma referência de terra. Em seguida, foram chegando às outras ilhas, cujos nomes são de santos correspondentes aos dias nos quais aportaram. Assim eles chamaram Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia, São Nicolau, Santiago. A ilha do Sal assim foi denominada por causa das grandes salinas existentes. A ilha de Maio por que chegaram no Mês de Maio; Fogo, por ter um vulcão, que se supõe estar em atividade, no momento da chegada dos descobridores. A ilha Brava, assim foi denominada, por causa do aspecto, um tanto quanto hostil. Como o arquipélago era desabitado, os portugueses deram início ao povoamento. Foi povoado por arquipélagos nativos da costa ocidental da África, genoveses e portugueses.

Por ocupar uma situação privilegiada, na encruzilhada entre os três continentes, Europa, América e África, Cabo Verde foi um entreposto importante para os portugueses no chamado tráfico negreiro. Os escravos eram capturados, e levados para o arquipélago de onde seguiam mais tarde para trabalhar nas produções de cana-de-açúcar, café e algodão no Brasil e nas Antilhas.

Em Cabo Verde, foi erigida a primeira cidade construída por europeus nas colônias, a cidade de Ribeira Grande. Ficou ativa por mais de três séculos, antes que a capital fosse transferida para cidade de Praia, capital de Cabo Verde dos nossos dias.

O país tornou-se soberano nos anos setenta, mais propriamente no ano de 1975, após mais de uma década de luta armada nas selvas da Guiné Bissau. O período pós - independência foi governado por um regime de partido único que esteve no poder até 1991, ano em que o país optou pelo regime mutipartidário. A população era em 1991 de 350 mil habitantes, sendo as ilhas de Santiago, Santo Antão e São Vicente as de maior número de habitantes. Hoje a população de Cabo Verde é de 400 mil habitantes, repartidos pelas 10 ilhas. Agrupam-se em dois conjuntos definidos pela sua posição em relação aos ventos predominantes, o de Barlavento (Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia, S. Nicolau, Sal, Boa Vista e os ilhéus de Branco e Raso) e o de Sotavento (Maio, Santiago, Fogo, Brava e os ilhéus Secos ou do Rombo).

Cultura


Pelo fato de ser povoado por diferentes povos, Cabo Verde possui uma miscelânea cultural muito grande, mistura essa que é visível não só na cor da pele, mas também nos trajes, na culinária, sotaques e no modo de viver em geral. A população é formada de 70% de mestiços, 28% de negros e apenas 2% de brancos. As ilhas, embora próximas uma das outras têm algumas diferenças culturais. Assim a população das ilhas situadas mais ao sul do arquipélago, permanecem mais fiéis as manifestações africanas, enquanto as mais a norte já não são tão enraizadas na cultura do continente. Na composição etária, 70% da população está abaixo dos 30 anos.


As manifestações culturais mais comuns têm como base a dança e a música. Dos ritmos musicais típicos, destacam-se o batuque, funaná, morna e a coladeira.


A culinária não podia ficar atrás nas origens. Muito diversificada, entre os pratos mais típicos destacam-se a "cachupa" e a "djagassida", ambos tendo como ingredientes básicos o milho e o feijão.


A religião predominante é o catolicismo, mas com alguns núcleos protestantes, espíritas e islâmicos.


A cultura crioula de Cabo Verde é registrada por suas contribuições distintas na literatura e na música. As composições musicais melancólicas conhecidas como mornas e poesia de Crioulo são características.

Politica


O Cabo Verde é uma república multipartidária com uma constituição que foi adotada em 1992. O presidente, como cabeça de estado, é eleito diretamente por um período de cinco anos. A bancada legislativa é formada por um grupo de nacionais, que escolhe o primeiro ministro. O sistema judicial é dirigido pela Suprema Corte de Justiça.


Foram introduzidos programas limitados da segurança social, e a execução de um serviço de saúde publica começou, embora as condições da saúde em Cabo Verde sejam favoráveis, comparadas a outros países da África Ocidental. Os serviços deficientes de saúde e de saneamento básico e a subnutrição contribuem para a elevada incidência de doenças infecciosas e parasitárias, particularmente tuberculose, pneumonia, bronquite.


O movimento forte da independência permaneceu ativo, conduzido pelo partido africano para a independência de Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC) As Ilhas de Cabo Verde transformaram-se em uma república independente em 1975 com Aristides Pereira como o primeiro presidente.


Em 1981, o partido que governava Cabo Verde deixou o PAIGC e deu forma a seu próprio partido africano para a independência de Cabo Verde (PAICV). A constituição aprovada pelo legislativo em 1981 formalizou a separação de Guiné-Bissau. As primeiras eleições legislativas sob a constituição de 1992 ocorreram em dezembro de 1995. Em fevereiro de 1996, Antônio Mascarenhas Monteiro foi eleito presidente.

Natureza do regime: Semi-presidencialista

Presidente da República: Antônio Mascarenhas Monteiro, (nasceu em 1944). Reeleito por cinco anos em fevereiro de 1996

Primeiro Ministro: Carlos Veiga.

Parlamento: Assembléia Nacional composta por 79 membros eleitos por cinco anos.

Economia


O crescimento econômico de Cabo Verde tem como determinante o clima de estabilidade política que conhece o país. As autoridades cabo-verdianas optam por uma economia de mercado. O mercado apresenta-se, assim, favorável ao investimento estrangeiro.


As mudanças importantes que se verificaram nos últimos cinco anos, marcadamente assinaladas com a transição de um sistema econômico centralizado para uma economia de mercado, acrescidas do fato de se ter implantado um «Modelo de Inserção Dinâmica» de Cabo Verde na economia mundial, fazem do país um mercado preferencial de atração do investimento estrangeiro. Nesse contexto, Cabo Verde serve de placa giratória para os países da sua região, num mercado de aproximadamente 200 milhões de habitantes.


O PIB per capita é de 1820 dólares. Desde a independência, o país tem formado, em média, 1.5000 quadros superiores por ano, o valor das exportações atingiu 687 milhões de dólares (em 1995), sendo os principais produtos exportados: a banana, o peixe e os crustáceos.


A economia cabo verdeana tem como base a agricultura e a pesca. Devido ao clima, a agricultura é mais voltada para o consumo interno, mas com pequenas exportações, principalmente da banana e do café. Cultiva-se, principalmente, o milho, feijão batata-doce, cana-de-açúcar, café. A fauna marinha contribui com a outra parte das exportações. Muito procurada, principalmente pelos europeus, a lagosta e outros frutos do mar são os de maior escoamento. O atum constitui também uma das grandes riquezas marinhas do país, sendo exportado fresco e em conserva.


As salinas das ilhas de Sal e do Maio contribuem também com a sua parcela nas exportações, exportando o sal, que já foi considerado uma especiaria antes da descoberta da Índia.


Largamente cultivada, principalmente na ilha de Santo Antão, a cana-de-açúcar constitui a base da produção do "grogue", bebida destilada que é também exportada para muitos países.


Reunindo potencialidades para um turismo atrativo, o país conta, por outro lado, com as remessas dos seus imigrantes, o que contribui significativamente para a balança de pagamentos de Cabo Verde. Estão em estudo mecanismos que visam captar e orientar as poupanças dos cabo-verdianos da diáspora para o setor produtivo.


O governo pretende canalizar alguma capacidade financeira e técnica no sentido de apoiar o espírito de iniciativa empresarial que tem vindo a marcar a comunidade cabo-verdiana no exterior.


Durante os últimos 20 anos, não há dúvidas de que o país avançou incomensuravelmente.
O primeiro-ministro, Carlos Veiga, assegurou que os próximos cinco anos serão (também) de estabilidade política e de reforço da estrutura econômica do país. Nesse sentido, frisou que "as grandes apostas vão continuar".


As reformas iniciadas a vários níveis da vida econômica, da administração pública, do ensino e da educação visam contribuir para acelerar o crescimento econômico e, segundo Carlos Veiga, fazer com que esse crescimento não seja incompatível, antes pelo contrário, se harmonize também com um desenvolvimento social e humano que permita que os cabo-verdianos desta geração se beneficiem, efetivamente, do progresso e possam ajudar os cabo-verdianos da próxima geração.

Povo


Mais de dois terços da população das ilhas são crioulos (mulatos), e o restante é africano europeu e preto. Além do português (a língua usada em ocasiões formais e para a maioria do material escrito), os habitantes falam um dialeto português chamado Crioulo. A maioria da população é oficialmente católica romana, mas uma missão protestante, localizada em São Tiago tem uma igreja e escolas na maioria das ilhas. Muitos costumes do animismo são preservados ainda.

Mais de três quintos da população de Cabo Verde tem menos de 20 anos de idade. Muitos habitantes mais velhos emigram para o exterior à procura de trabalho, a maior parte vai para a Europa, especialmente Portugal, e alguns para Venezuela e Brasil.

O ensino médio é gratuito entre as idades de 7 e de 14anos; aproximadamente 90 por cento das crianças em idade escolar estudam em escolas primárias. Os estudantes vão para o exterior, freqüentemente a Portugal, para a instrução mais elevada.

As regiões mais povoadas são as áreas litorais das ilhas de São Tiago, de Santo Antão, e de São Vicente. Um quinto da população do país é urbana e metade da dela vive em Praia. A população rural é encontrada principalmente em poucos vales férteis ou em pequenas vilas nas costas.

Durante o século 20, diversas secas desastrosas causaram a morte de mais de 200.000 pessoas e há pesada imigração das ilhas para os países africanos, para o Brasil e para os Estados Unidos. Desde 1940, a população tem aumentado apesar da contínua imigração e de uma taxa de natalidade das mais baixas na África Ocidental. Atento a necessidade e pressionado a diminuir mais este crescimento, o governo começou a promover o controle de natalidade no final deste século.

Geografia


A densidade demográfica é de 83 habitantes por quilometro quadrado, e um crescimento populacional de 2% ao ano. Utilizam sobretudo o crioulo, língua gerada pelo português arcaico e por línguas africanas. O país, localizado no Norte da África ocupa o 122º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano, com uma expectativa de vida de 64,9 anos; uma taxa de alfabetização de adultos que atinge os 70,5 por cento.


Situado a quatrocentos quilômetros da Costa Ocidental da África, entre os paralelos 15 e 17 graus de latitude norte, o arquipélago de Cabo Verde possui pouco mais de 4 mil quilômetros quadrados e é constituído de dez ilhas e oito ilhéus, sendo uma das ilhas desabitada. Com exceção das Ilhas Sal, Boa Vista e Maio, que são planas, o arquipélago é montanhoso, escarpado e sulcado pela erosão e pela atividade vulcânica. A falta de vegetação nos planaltos contribui para a erosão do solo. A hidrografia é insignificante. O clima é tropical seco, mas as temperaturas são relativamente amenas, devido à influência dos ventos alísios. A pluviosidade é irregular, chegando a ser nula durante longos períodos, muito embora se distingam duas estações - a das chuvas, de agosto a outubro, e a seca nos restantes meses.


Pode-se ainda dividir o arquipélago em ilhas planas e ilhas montanhosas. Acredita-se que as ilhas do Sal, Boa Vista e Maio foram as que tiveram formação mais antiga, pelo fato de possuírem, atualmente, um relevo mais plano. Das ilhas consideradas mais novas, por apresentarem um relevo mais acentuado, destacam-se as ilhas de Santo Antão, São Nicolau, Santiago, Fogo e Brava. O ponto mais alto do arquipélago é o vulcão da ilha do Fogo, com uma altitude de aproximadamente três mil metros. As temperaturas médias anuais ficam em torno dos 25 graus Celsius, no ar, e 23 graus, no mar.


A expectativa de vida média é aproximadamente 62 anos, e a taxa de mortalidade infantil é a mais baixa da África Ocidental.

Apresentamos!!


Nosso blogue irá fazer uma ponte entre idéias.