quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Cuba Libre


Período Neo-Colonial (1902-1958)

Para que possa compreender o que foi a revolução cubana, seus motivos e seu sucesso, é preciso remontarmos a algumas décadas antes, ao período neo-colonial cubano.


Crise do sistema Neo-Colonial


O governo de Washington, preocupado pelos freqüentes transtornos políticos de sua neocolonia, havia desenhado uma política de verdadeira tutela, chamada diplomacia preventiva, que alcançou seu ponto culminante com a designação do general Enoch Crowder para supervisionar e fiscalizar ao governo de Alfredo Zayas (1921-1925), quarto presidente cubano, cuja administração sería cenário de transcendentais movimentos políticos;
O repúdio generalizado à ingerência norte-americana e a corrupção governamental deram lugar a diversas correntes de expressão das reivindicações nacionalistas e democráticas. O movimento estudantil manifestava um forte radicalismo que, estruturado no propósito de uma reforma universitária, extravasaria rapidamente o marco em que havia surgido para assumir francas projeções revolucionárias sobre a direção de Julio Antonio Mella
O movimento operário, cujas raízes se remontavam às décadas finais do século XIX, havia seguido também um curso ascendente – marcado pela greve dos aprendizes em 1902 e a da moeda em 1907 entre as mais importantes -,que mais tarde chegaram a constituir uma verdadeira investida devido a inflação gerada pela I Guerra Mundial.
O avanço ideológico e organizativo do proletariado, na qual se deixavam sentir os ecos da Revolução de Outubro na Rússia, cristalizaria na constituição de uma central operária nacional em 1925.
Coincidentemente, e como expressão da conjunção das correntes políticas mais radicais do movimento, personificadas em Mella e Carlos Baliño, se constituiria em Havana o primeiro Partido Comunista.
Os mal-estares político e social tinham causas muito profundas. A economia cubana havia crescido muito rapidamente durante as primeiras décadas do século, estimulada pela reciprocidade comercial com os Estados Unidos e a favorável conjuntura criada pela recente guerra mundial. Não obstante esse crescimento era extremamente unilateral, baseado de modo quase exclusivo no açúcar e nas relações mercantis com os Estados Unidos.
Por outro lado, os capitais norte-americanos que haviam afluído à Ilha com ritmo ascendente eram os principais beneficiários do crescimento, tendo em vista que controlavam 70% da produção açucareira além de sua infra-estrutura e os negócios paralelos.
O bem-estar econômico derivado deste processo – do qual dão testemunho as luxuosas casas de El Vedado -, além de muito desigualmente distribuído, revelaria uma extraordinária fragilidade. Ele se pôs em manifesto em 1920, quando uma brusca queda no preço do açúcar provocou um crack bancário que despejou com as instituições financeiras cubanas. Pouco depois, quando a produção açucareira do país alcançava os 5 milhões de toneladas, ficou evidente a saturação dos mercados, claro indício de que a economia cubana não podia continuar crescendo sobre a base exclusiva do açúcar. A opção era o estancamento ou a diversificação produtiva, mas essa última alternativa não era possível, pois não era permitido pela monopolização latifundiária da terra e a dependência comercial dos Estados Unidos.
A ascensão de Geraldo Machado à presidência em 1925 representa a alternativa da oligarquia frente à crise latente.
O novo regime, intenta conciliar em seu programa econômico os interesses dos distintos setores da burguesia e o capital norte-americano, oferece garantias de estabilidade às classes médias e novos empregos às classes populares, todo ele combinado com uma seletiva mas feroz repressão contra adversários políticos e movimentos opositores.
Sob uma auréola de eficiência administrativa, o governo conseguiu impor limites ás lutas dos partidos tradicionais, assegurando-lhes o desfrute do pressuposto estatal mediante a fórmula do cooperativismo. Com o consenso que obteve, Machado dicidiu reformar a constituição para perpetuar-se no poder.
Não obstante os êxitos parciais alcançados durante os primeiros anos de mandato, a ditadura machadista não conseguiu silenciar a dissidência dos políticos excluídos e muito menos conter o movimento popular. Acusados pelos excessos cometidos pelo regime e a rápida deteorização da situação econômica sob os efeitos da crise mundial de 1929 (Grande Depressão), essas forças mostraram crescente beligerância. Com os estudantes e o proletariado como suportes fundamentais, a oposição a Machado desencadeou uma interminável sucessão de greves, intenções insurrecionais, atentados e sabotagens.
A ditadura respondeu com um aumento da repressão, que chegou a níveis intoleráveis. Em 1933, o cambaleante regime de Machado estava a ponto de dar espaço a uma revolução. Alarmada pela situação cubana, a recém-estreada administração de Franklin D. Roosevelt designou B. Summer Welles embaixador em Havana, com a missão de encontrar uma saída para a crise, dentro dos mecanismos tradicionais de dominação neocolonial. Mas a mediação de Welles se viu ultrapassada pelos acontecimentos: Em 12 de agosto, Machado fugia do país, derrotado por uma greve geral.
O governo provisório que criaram os setores direitistas da oposição, sob os auspícios do embaixador norte-americano sobreviveria apenas um mês. Um levantamento das classes e soldados do exército, junto ao Diretório Estudantil Universitário e outros grupos insurrecionais levou ao poder um governo revolucionário presidido por Ramon Grau San Martín.
Este governo, principalmente pela iniciativa de Antonio Guiteras, secretário de Governo, aprovou e pôs em prática diversas medidas de benefício popular, mas, hostilizado pelos Estados Unidos e pela oposição e vítima em grande medida de suas próprias contradições internas, só pode sustentar-se alguns meses no poder. Fator fundamental na queda desse governo sería o ex sargento Fulgencio Batista – promovido obscuramente do dia para a noite, coronel chefe do exército -, quem exerceu sua influência negativa no processo político.
Os partidos oligárquicos restaurados ao poder, a pesar do irrestrito apoio norte-americano expressado na abolição da Emenda Platt, e as medidas de estabilização econômica – principalmente o sistema de cotas açucareiras e um novo tratado de reciprocidade comercial-, mostraram uma franca inaptidão no exercício do governo.
Por esta razão, os destinos do Estado seriam efetivamente regidos por Batista e seus militares. Mas esta forma autoritária se revelou incapaz de oferecer uma saída estável à situação cubana. O que conduziu a uma transação com as forças revolucionárias e democráticas – debilitadas por divisões internas – que seriam plasmadas na Constituição de 1940. Com essa nova Carta Magna, que recolhia importantes reivindicações populares, se abriu um novo período de legalidade institucional.
O primeiro governo desta etapa esteve presidido por Fulgencio Batista, cuja candidatura havia sido respaldada por uma coalizão de forças que participavam os comunistas. Esta aliança, todavia reprimiu importantes conquistas ao movimento operário, não foi compreendida por outros setores populares, e se converteu em fator histórico de divisão entre as forças revolucionárias.
Durante o governo de Batista, a situação econômica experimentou uma melhoria propiciada pela estourada da II Guerra Mundial, conjuntura que beneficiaría ainda mais seu sucessor, Ramón Grau San Martín que foi eleito em 1944 graças ao amplo respaldo popular que lhe adiquiriam as medidas nacionalistas e democráticas ditadas durante o governo anterior. Nem Grau, nem Carlos Prío Socarrás (1948-1952) – ambos líderes do Partido Revolucionário Cubano (autêntico) – foram capazes de aproveitar as favoráveis condições econômicas de seus respectivos mandatos.
As tímidas e escassas medidas reformistas apenas afetaram as estruturas de propriedade agrária e de dependência comercial que bloqueavam o desenvolvimento do país.Aproveitaram-se, em troca, da bonanza econômica que reportava a recuperação açucareira para saquear os fundos públicos em magnitudes sem precedentes.
A corrupção administrativa se complementava com o auspicio de numerosas quadrilhas gângsteres, que os autênticos utilizaram para expulsar os comunistas da direção dos sindicatos em meio a propícia atmosfera da guerra fria. O repúdio à vergonhosa situação imperante foi canalizado pelo movimento cívico político da ortodoxia, cujo carismático líder, Eduardo Chibás, se suicidaria em 1951 em meio de uma fervente polêmica com personagens governamentais.
Todavia, todos prognosticavam o triunfo ortodoxo nas eleições de 1952, as esperanças foram frustradas por um golpe militar.
O descrédito em que a experiência autêntica havia sumido nas fórmulas reformistas e as instituições republicanas, assim como a favorável disposição fazia um governo de “mão dura” por parte dos interesses norte-americanos e alguns setores da burguesia mestiça, favoreceram as ambições de Fulgencio Batista, quem assomado a uma frente militar, roubou o poder em 10 de março de 1952.


Movimento revolucionário 1953-1958


A inércia e incapacidade dos partidos políticos burgueses para enfrentar o regime batistista – ao qual aderiram alguns destes partidos – contrastou com a beligerância dos setores populares, em especial da jovem geração que recém nascia para a vida política.


Nasce um movimento


De suas fileiras nasceu um movimento de novo tipo, encabeçado por Fidel Alejandro Castro Ruz(Birán, 1926), um jovem advogado, formado pela faculdade de Havana, cujas primeiras atividades políticas haviam se desenvolvido no meio universitário e às filas da ortodoxia.
Preconizando uma nova estratégia de luta armada contra a ditadura, Fidel Castro se pôs à silenciosa e tenaz preparação dessa batalha.


Ataques à Moncada


As ações se desencadeariam em 26 de julho de 1953, com os ataques simultâneos aos quartéis de Moncada, em Santiago de Cuba e Carlos Manuel de Céspedes, em Bayamo, concebidos como estopim de uma vasta insurreição popular. Ao fracassar a operação, dezenas de combatentes que foram feitos prisioneiros terminaram assassinados. Outros sobreviventes, entre os quais se encontrava o comandante Fidel Castro, foram julgados e condenados a severas penas de prisão.


"Lá História me absolverá"


No julgamento que se seguiu, o líder revolucionário pronunciou uma alegação de auto-defesa – conhecido como “La História me absolverá” -, no qual fundamentava o direito do povo à rebelião contra a tirania e explicava as causas, vias e objetivos da luta empreendida. Essa alegação se converteu no programa da revolução.


Cuba durante a ditadura de Fulgencio Batista


Entretanto, a ditadura enfrentava crítica conjuntura criada pela queda dos preços do açúcar com a fórmula (escrita em entrelinhas) de restrição produtiva. Para combater seus efeitos depressivos, o governo inicia uma mobilização compulsiva de recursos financeiros que, em proporção apreciável, terminariam nos bolsos dos personagens do regime. Não obstante o fomento de novos renglones produtivos nas décadas precedentes, a economia cubana, ungida ao açúcar, não alcançava um crescimento satisfatório. Evidência máxima disto era a massa de desempregados e sub-empregados que já, a meados da década de 50, chegaria a constituir a terça parte da força trabalhista do país. Na miséria vivia a maioria dos trabalhadores rurais cubanos durante a república neocolonial, vitimas das expulsões, a falta de trabalho e a enorme exportação por latifundiários e colonos estrangeiros e da platéia com o respaldo dos governos burgueses dependentes.



Eleições ilegítimas de 1954


O desejo da tirania por legalizar seu status mediante ilegítimas eleições em 1954, serviria ao menos para aplacar sua vontade repressiva. A circunstancia foi aproveitada pelo movimento de massas que em 1955 ascendeu de maneira significativa e logrou a anistia dos presos políticos – entre eles, os combatentes de Moncada – e representaram greves operárias de grande importância, sobre tudo no setor açucareiro.


Nasce o Movimento Revolucionário 26 de Julho


No mesmo ano, foi fundado o Movimento Revolucionário 26 de Julho, constituído por Fidel Castro e seus companheiros, e um ano mais tarde se cria o Diretório Revolucionário, que agrupa os elementos mais combativos dos estudantes universitários.


Conspiração no exército


A desacertada política de ascensões, o estímulo a exaltar o nepotismo, o favoritismo, a bajulação e a falta de preparação técnica e profissional de alguns dos principais chefes e oficiais do exército, constituíram elementos que influíram na decisão de um grupo de oficiais com preparação acadêmica conspirar por melhorar a profissionalidade da instituição. Esses oficiais chamados “Puros” podiam ser localizados principalmente no Acampamento Militar de Columbia, a Fortaleza da Cabana e nas escolas militares. Entre eles se destacavam: José Ramón Fernández, José Orihuela, Enrique Borbonet, Ramón Barquín, Manuel Varela Castro, entre outros. Uma denúncia provocou a detenção de todos os conspirados e o aborto do plano revoltoso.


Ataque ao quartel de Domingo Goicuría


Outro feito que preocupou ao regime batistiano foi o ataque ao quartel “Domingo Goicuría” em 29 de abril de 1956. Uns 50 homens por volta das 12:00 atacaram e tentaram ocupar o quartel “Goicuría”. A imensa maioria dos combatentes eram militantes da organização autêntica (AO) e estavam sob comando de Reinold García.


A ação resultou em fracasso porque eram esperados, a prova esta no saldo da ação: 17 combatentes mortos sem nenhum ferido, enquanto o exército não teve baixas. O ataque a esse quartel, sede do Regimento nº 4 da Guarda Rural, em Matanzas, constituiu um elemento que estimulou os órgãos de inteligência e repressão atuar com mais energia e, em particular, a desarticular, neutralizar e não subestimar aos grupos conspiradores pertencentes aos autênticos.



Expedição libertadora


Após demonstrar a impossibilidade de toda a luta legal contra a tirania, Fidel Castro marcha até o México com o propósito de organizar uma expedição libertadora e iniciar a guerra revolucionária. Por sua vez, os partidos burgueses da oposição, ensaiam uma nova manobra conciliadora com Batista em busca de uma saída “política” para a situação. O fracasso terminaria por afundá-los no desprestígio.


Desembarque do navio Granma


A 2 de dezembro de 1956, Fidel Castro desembarca a frente da expedição do yate Granma, nas Coloradas, província do Oriente.


Dois dias antes, os combatentes clandestinos do Movimento 26 de Julho, a mando de Frank País, haviam levado a cabo em Santiago de Cuba um levantamento contra o desembarque.
Ao não coincidirem ambas as ações, o levantamento terminava em um fracasso. Após o revéz do lugar chamado Alegria de Pio, que dispersava o contingente expedicionário, Fidel Castro e um punhado de combatentes conseguiram conquistar o território da Sierra Maestra para constituir o núcleo inicial do Exército Rebelde.


Sua carta de apresentação seria, um mês depois, a tomada do pequeno quartel de La Plata, ação que serviria para desmentir as versões propagadas pela ditadura acerca do total extermínio dos expedicionários.


Granma é hoje o nome do maior diário impresso em circulação em Cuba vinculado ao orgão oficial de imprensa do comitê central do Partido Comunista de Cuba


A concentração revolucionária e a revolta popular


Em 1957, enquanto o Exército Rebelde se concentrava nas montanhas com uma série de ações – entre as mais importantes se encontra o combate de El Uvero -, nas cidades se desenvolvia com grande ímpeto a luta clandestina. Em 13 de março desse mesmo ano, um destacamento do Diretório Revolucionário realiza um ataque ao palácio presidencial em Havana, com o propósito de executar o tirano, mas fracassam.


Nesta ação cairia o valente combatente José Antonio Echeverría, presidente da Federação

Estudantil Universitária.


Aos atentados e atos de sabotagem, a tirania responderia com um incremento das torturas aos detentos e uma investida de crimes.


No mês de julho, o assassinato de Frank País provocaria uma greve espontânea que paralisou grande parte da nação cubana.
Pouco depois, em setembro, a revolta do posto naval da cidade de Cienfuegos poria em evidência as profundas fendas nas forças armadas do batistato.
Ao final do ano, o exército fracassa em sua ofensiva contra Sierra Maestra, onde já haviam se consolidado duas colunas guerrilheiras.
No início de 1958, o movimento revolucionário decide acelerar a queda do tirano mediante uma greve geral com características de insurreição.


A ofensiva contra Sierra Maestra


Em Sierra Maestra, Fidel Castro cria duas novas colunas a mando dos comandantes Raúl Castro – seu irmão – e Juan Almeida, respectivamente, os quais devem abrir duas frentes guerrilheiras em outras zonas montanhosas do Oriente. A greve convocada em 9 de abril se frustra com graves perdas para as forças revolucionárias. Batista crê ter chegado o momento de liquidar a insurreição e no verão, lança uma ofensiva de 10.000 homens sobre Sierra Maestra.


A vitória revolucionária nas montanhas

Exército Rebelde e o povo: Unidade e Ação


Em ferozes combates e batalhas – Santo Domingo, El Jigüe, Vegas de Jibacoa, e outras – as tropas rebeldes derrotam os batalhões da tirania que tentam penetrar na Sierra Maestra e os obriga a se retirar.


Esse e o tom definitivo. Os partidos da oposição burguesa, que até então tem manobrado para capitalizar a rebeldia popular, se apressam em reconhecer a indiscutível liderança de Fidel Castro.


Colunas rebeldes partem de diversos pontos do território cubano, entre elas as colunas dos honrosos comandantes Ernesto Che Guevara e Camilo Cienfuegos, as quais avançam a província de Lãs Villas.
Nesta zona já operam diversos grupos de combatentes, entre outros os do Diretório Revolucionário e o Partido Socialista Popular (Comunista). Em 20 de novembro, o Comandante em Chefe das tropas rebeldes, Fidel Castro, dirige pessoalmente a batalha de Guisa, que marca o começo da definitiva ofensiva revolucionária.
Em ações coordenadas, as já numerosas colunas de II e III frentes orientais vão tomando os povoados adjacentes para fechar o cerco sobre Santiago de Cuba. Che Guevara, em Lãs Villas, conquista um, após outro os povoados ao longo da estrada central e ataca a cidade de Santa Clara, capital provincial, enquanto que, por sua vez, Camilo Cienfuegos rende em tenaz combate o quartel da cidade de Yaguajay.


Em 1º de janeiro de 1959, Batista abandona o país.


Em uma manobra de última hora, abençoada pela embaixada norte-americana, o general Eulogio Cantillo tenta criar uma junta cívico-militar. Fidel Castro pede à guarnição de Santiago de Cuba que se renda e ao povo que façam uma greve geral que, apoiada massivamente por todo o país, asseguraria a vitória da Revolução.


Cuba após vitória da Revolução

O programa do Moncada começava a cumprir-se: Os camponeses são donos de suas terras
Apenas instalado no poder, o governo revolucionário iniciou o desmantelamento do sistema político neocolonial. Dissolveram os corpos repressivos e garantiram aos cidadãos, pela primeira vez em muitos anos, o exercício pleno de seus direitos.
A administração pública foi saneada e se confiscaram os bens malversados. Desta maneira se erradicou essa tão funesta prática da vida republicana.
Os criminosos de guerra batistianos foram julgados e sancionados, se varreu a corrompida direção do movimento operário e se dissolveram os partidos políticos que haviam servido à tirania.
A designação do Comandante em Chefe Fidel Castro como primeiro-ministro no mês de fevereiro, imprimiria um ritmo acelerado às medidas de benefício popular.
Aprovou-se uma diminuição geral de aluguéis; As praias, antes privadas puseram-se a disposição do povo para seu desfrute e intervieram as companhias que monopolizavam os serviços públicos.
Um marco transcendental neste processo seria a Lei de Reforma Agrária, aprovada em 17 de maio, a qual eliminava o latifúndio ao nacionalizar todas as propriedades de mais de 420 hectares de extensão, e entregava a propriedade da terra a dezenas de milhares de camponeses, arrendatários e precaristas.


Estados Unidos contra a revolução


Esta medida, que eliminava um dos suportes fundamentais do domínio neocolonial, promoveu a colérica resposta dos interesses afetados.
O governo dos Estados Unidos não havia ocultado seu desgosto pelo triunfo da Revolução e, depois de promover uma mal intencionada campanha de imprensa, a qual se propôs a divulgar informações falsas sobre os acontecimentos de Cuba pelo redor do planeta, adotou uma política de perseguição sistemática contra Cuba, alentando e apoiando - inclusive financeiramente - a movimentos contra-revolucionários com o propósito único de desestabilizar o país.
Os obstáculos interpostos pelo presidente Manuel Urrutia às transformações revolucionárias provocaram em julho a renúncia de Fidel Castro ao cargo de primeiro-ministro ao qual retornaria dias depois em meio de manifestações da multidão em apoio as quais formam a causa da renúncia do presidente e de sua sucessão por Osvaldo Dorticós.
Em outubro aborta um levante militar em Camagüey orquestrado pelo chefe deste posto, o comandante Hebert Matos, em aberta associação de pessoas com fins questionáveis com latifundiários e outros elementos contra-revolucionários locais.
Entretanto, os crescentes atos de sabotagem e o terrorismo começaram a cobrar vítimas inocentes.
Para enfrentar a investida contra-revolucionária, se criaram as Milícias Nacionais Revolucionárias e os Comitês de Defesa da Revolução, organizações que, junto à Federação de Mulheres Cubanas, a Associação de Jovens Rebeldes e outras constituídas com posterioridade, possibilitaram uma participação mais ampla do povo na defesa da Revolução.
A permanente hostilidade norte-americana se materializa em sucessivas medidas encaminhadas a desestabilizar a economia cubana e isolar o país do resto da comunidade internacional.
A ela a Revolução responde com uma dinâmica política exterior que amplia as relações e estabelece convênios com outros países – incluindo os socialistas – em uma prova de sua firme decisão de romper a tradicional dependência comercial.
Em julho de 1960, após tomar conhecimento da supressão da cota açucareira cubana pelo governo de Washington, Fidel Castro anuncia a nacionalização de todas as propriedades norte-americanas na Ilha.
A esta medida, seguiria, poucos meses depois, a decisão de nacionalizar as empresas da burguesia cubana que, definitivamente alinhada junto aos Estados Unidos e os setores oligárquicos, haviam se entregado à sistemáticas manobras de descapitalização e sabotagem econômica.


Retaliações norte-americanas a Cuba


Mas as retaliações norte-americanas não se limitaram ao âmbito da economia, mas também tinham dimensões belicosas.
Enquanto fomentava a criação de organizações e grupos contra-revolucionários em distintas regiões do país, às quais provia armamento e outros abastecimentos, a administração Eisenhower – que rompe relações com Cuba em janeiro de 1961 – havia iniciado a preparação de uma brigada mercenária com o propósito de invadir a ilha.
A invasão se iniciaria em 17 de abril pela área de Playa Girón, após um bombardeio surpresa às bases aéreas cubanas.
A invasão fracassou com a falta de apoio da marinha dos EUA a força de desembarque a ilha.
No sepultamento das vítimas deste ataque, Fidel Castro proclamou o caráter socialista da Revolução, algo que se percebia já a partir das medidas tomadas nos meses finais de 1960.
Derrota norte-americana em Girón

Girón, a primeira grande derrota do imperialismo norte-americano


Bastaram menos de 72 horas para que o povo esmagasse à brigada mercenária que a Agencia Central de Inteligência (CIA) havia levado meses para treinar. Devido a esta histórica derrota, Estados Unidos não conseguiram esmagar a Revolução Cubana.

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